terça-feira, outubro 30, 2007

Nova "centralidade" da Reboleira à Falagueira


Oposição critica falta de uma política cultural, que se resume ao salão de banda desenhada

O socialista Joaquim Raposo admite que a Amadora ainda "está longe" do conceito de cidade-jardim que os seus fundadores ambicionavam, mas considera que muito tem sido feito para mudar a face do centro urbano. O presidente da câmara aposta, no entanto, numa "nova centralidade" para a cidade, entre a antiga zona industrial e a Quinta do Estado.

Os planos estão a cargo dos arquitectos Manuel Salgado, Norman Foster e Gonçalo Byrne. "O novo centro da Amadora não se faz só com habitação, faz-se naturalmente com alguma indústria, escritórios e equipamentos", afirma Raposo, defendendo que, nos novos empreendimentos, a componente habitacional não ultrapasse metade da ocupação total. Na Quinta do Estado, junto ao metro da Falagueira, que vai ser prolongado até à estação ferroviária da Reboleira, o plano de pormenor deve prever uma zona verde e pequenos bairros, para além da câmara e do tribunal. O metro ligeiro de superfície, de inciativa público-privada, ligará o metro aos casais da Mina e de São Brás.

"A Amadora tem perdido todas as suas importantes unidades de produção", salienta, por seu lado, o vereador João Bernardino (CDU), criticando que se "tem acentuado a característica de um concelho dormitório". O primeiro município criado após o 25 de Abril - em 1979 - foi governado pelos comunistas até 1997, ano em que o PS conquistou a câmara. Bernardino reconhece a melhoria de algumas infra-estruturas, mas o elevado nível de desemprego, o atraso nos realojamentos e a ausência de requalificação urbana levam a "um aumento da exclusão social". O vereador da CDU elege como uma prioridade o reinvestimento numa política cultural, com a recuperação de espaços fechados, como o cinema D. João V (Damaia).

"Fazer bairros só para realojamento é um erro que não cometo", responde Joaquim Raposo, que devolve à CDU as críticas sobre a falta de investimento para acabar com as barracas. O concelho precisa ainda de 1400 fogos para realojar famílias de bairros como o 6 de Maio, Santa Filomena e Estrela de África. Isto sem contar com os 1100 fogos (mais de seis mil pessoas) só para a requalificação da Cova da Moura. A autarquia vai gastar 45 milhões de euros durante os sete anos necessários para recuperar este bairro da Damaia, estimando-se que o Estado gaste o dobro.

Outro desafio para o autarca é a requalificação urbana, através de incentivos fiscais aos proprietários que recuperem os imóveis degradados e da criação de um fundo para que os promotores de novos empreendimentos contribuam para o restauro das habitações envolventes. A Brandoa, que foi o maior bairro clandestino da Europa, possui quase todos os planos de quarteirão aprovados e recebe no Fórum Luís de Camões o Festival Internacional de Banda Desenhada, o principal evento cultural do município e do género no país.

Fonte: Público - 28.10.2007

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