terça-feira, outubro 30, 2007

Programa HiperNatura recupera 20 jardins públicos no país

Debaixo do Jardim do Príncipe Real, no Museu da Água, a humidade do ar recorda o cheiro a terra de um jardim acabado de regar. Os holofotes verdes recriam a sombra das árvores o que, juntamente com alguns tapetes de relva, transforma este espaço num verdadeiro jardim de inverno. Foi este o cenário que os responsáveis pelo HiperNatura escolheram para apresentar o seu novo programa que tem um objectivo ecológico: recuperar 20 jardins públicos em 20 autarquias do país.

O HiperNatura resulta de uma parceria entre o hipermercado Continente, a revista "Visão" e a associação ambientalista Quercus. “Preservar, promover, modernizar e edificar” são as palavras-chave deste projecto para o director de Marketing do Continente, Miguel Rangel. Para além disso, em cada um dos 20 jardins remodelados, pretende-se sensibilizar os cidadãos para diversos temas relacionados com o ambiente e a ecologia, pelo que as sugestões da Quercus em cada jardim são fundamentais.

E porque, como disse Albert Schweitzer, “dar o exemplo não é a melhor forma de influenciar os outros – é a única”, e o ambiente não é uma questão estanque, cada jardim será pensado e adaptado às pessoas daquela zona, tendo sempre em consideração as suas necessidades, mas não esquecendo também a preservação da biodiversidade para tentar tornar Portugal mais verde.

As formas de intervenção podem ser feitas de várias maneiras. Revitalizar um espaço degradado, modernizá-lo, ou construir de raiz um jardim a partir de um terreno baldio, são algumas das possibilidades. Criar percursos pedonais, integrar parques infantis, zonas radicais e de lazer é outra alternativa. Nas 20 intervenções a fauna, a flora e as espécies animais presentes vão ser prioritárias, pelo que estarão identificadas.

O jardim ideal
Susana Fonseca, vice-presidente da Quercus, disse que o facto de as pessoas se apoiarem muito nos poucos espaços verdes que existem “é a prova de como necessitam deles”. A ambientalista descreveu o jardim ideal como “um espaço diversificado mas com natureza própria do país e adaptada às suas condições climáticas”. Para Susana Fonseca, “um jardim relvado e com palmeiras não é de todo o indicado” e corresponde a um imaginário que construímos desde crianças.

Além disso, considerou essencial uma óptima gestão da água nestes espaços, usar adubo orgânico para compostagem, mobiliário feito a partir de materiais reciclados, e que as pessoas tenham contacto com “plantas de diferentes cores, texturas e cheiros”, de forma poderem envolver-se com elas. “A Gulbenkian é um excelente exemplo de um jardim que nos permite afastarmo-nos da cidade, deixar de ouvir os carros, fundirmo-nos com a natureza”, exemplificou a ambientalista.

O secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, João Ferrão, considerou a iniciativa uma forma de exercício da “responsabilidade social no dia-a-dia” e um exemplo de como deve ser “o novo modelo de governação urbana, sem desresponsabilizar a administração pública”.

O exemplo da Amadora
A Câmara Municipal da Amadora tem sido uma das mais entusiastas com este projecto que se “interliga com uma série de outros que se estão a desenvolver”, como referiu Gabriel Oliveira, responsável pelo pelouro dos Espaços Verdes. O que torna mais curiosa a adaptação para circuito de corrida dos quase cinco quilómetros da Estrada dos Salgados é o facto de aquele sítio ter começado a ser utilizado por “um grupo de idosos da Brandoa que decidiu começar a andar a pé depois do jantar em vez de ficar em casa a ver a novela da noite”, explicou.

A estes pioneiros de um hábito saudável seguiram-se muitos outros e, agora, “centenas de pessoas usam este percurso para manutenção”, acrescentou. A Câmara da Amadora vai também reconverter o Parque Central num parque temático sobre a água, inspirado do parque da Playmobil, em Nuremberga, e que se chamará “Fun Park”.

O HiperNatura arrancou em Maio e custará 600 mil euros. Até agora 12 delas já escolheram os espaços a trabalhar, e as outras oito, apesar de já terem aceite a proposta, estão ainda a decidir. Em Viana do Castelo recuperar-se-á o Jardim de S. Vicente, em Vila Real os Parques Congo e Florestal, em Maia o Jardim de Gueifães, no Porto os jardins do Palácio de Cristal, em Matosinhos o Parque do Carriçal, em Ovar o Jardim Almeida Garrett, em Viseu o Jardim Santo António, na Covilhã o Jardim do Laço, em Coimbra o Parque Aventura, em Leiria o Parque Radical, na Amadora o Circuito Pedonal Estrada dos Salgados e em Cascais o Pedra Amarela, campo base no Parque Natural Sintra/Cascais. Albufeira, Guimarães, Lisboa, Loures, Portimão, São João da Madeira, Seixal e Vila Nova de Gaia ainda não escolheram o local.

Fonte: Público
25.10.2007

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