As máquinas começaram há três dias a derrubar o edifício principal e um conjunto de pequenas casas térreas que constituíam a vila operária "Martelo", perto do quartel dos Bombeiros, na Amadora. O conjunto, edificado na década de 20, há muito que estava abandonado. Nos últimos tempos servia de abrigo a toxicodependentes e sem-abrigo. A Câmara Municipal da Amadora (CMA) já tinha anunciado a demolição, há mais de um ano, apesar de ter classificado de interesse municipal a vila operária.
Muitos curiosos pararam para assistir à demolição. A autarquia anunciou-a em Abril do ano passado. Embora, o executivo tivesse classificado de interesse municipal um conjunto de elementos da fachada e seis casas de operários, tal não foi o suficiente para travar a sua demolição. "Para estar aqui, como ferro velho não valia a pena. Já era uma necessidade a demolição. Mas não sabemos o que será feito no seu lugar", considera António Esteves, morador nas proximidades. "Deveria ser construído um jardim porque prédios já Amadora tem demais", acrescenta Rui Cachucho, um outro morador.
Mas a degradação das 16 casas térreas e do edifício principal, que foram mandados construir pela família Martelo, proprietária de uma empresa de transporte de passageiros, não deixa saudades em alguns vizinhos. "Apesar de terem tapado as janelas e as portas, os edifícios era ocupados por toxicodependentes. Isto não poderia continuar como estava", afirma Maria Martins. Mas também há quem discorde da demolição. "É com tristeza que assistimos à derrube deste edifício histórico", lamenta António Tremoço, morador na zona e membro da Assembleia Municipal da Amadora, eleito pelo PCP.
O projecto urbanístico de habitação e comércio para a zona da Vila Martelo foi aprovado pelo executivo camarário. A autarquia impôs ao urbanizador preservar seis antigas casas dos operários e um painel de azulejos do edifício principal. A recuperação do património está incluída nas contrapartidas do construtor.
Fonte: Jornal de Notícias - 02.11.2007
domingo, dezembro 02, 2007
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1 comentário:
Tenho pena...
Não sabia da decisão de demolirem este espaço. Tenho muita pena que tal aconteça porque reconheço o seu interesse patrimonial. Ia iniciar um projecto de recuperação deste espaço no âmbito de uma cadeira numa pós-graduação em Património e Projectos Culturais e devido a este motivo não o poderei realizar. Senti-me revoltada porque sendo nascida e criada na Amadora e sabendo que é uma cidade historicamente "recente", por vezes vejo este tipo de coisas a acontecer. Os espaços deixam de ser aproveitados, nao há projectos de recuperação e acabam por ser demolidos. Por este andar continuaremos nos próximos 100 anos a ter como unicos locais de interesse a visitar a casa Aprigio Gomes, Casa Roque Gameiro e Recreios da Amadora...como historiadora que sou...tenho pena.
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